vulnerável, de Juliana Galvão
vermelha terra dourada
cor de sua pelagem
a calda crespa
alonga sua forma canídea
o faro
captura tudo
em vapor condensado
no úmido bico
esguio
projeta o corpo
em silhueta das serras
ondula as delgadas patas
ao encalço silente
entremeadas em sempre-vivas
a negra crina
eriça
à loba vocalização
uivo ecoa
vida livre
amplo cerrado breu
introverso
aprecia a fruta
comerrasga
casca selvagem
atiça o íntimo instinto
castanha natureza
dispersa sementes
guará
na
terra dourada vermelha
Juliana Galvão (1976) é brasileira de Minas Gerais. Herdou da mãe o gosto pela escrita. Aprofundando esse interesse, tornou-se profissional de Letras e mestra em Estudos Literários. A sua experiência em edição de texto ‒ preparação e revisão ‒ dura há mais de dez anos. Lançou os livros Pedraria (poesia, Editora Patuá) e Pé de Pipa (imagem, em coautoria com Maurizio Manzo, Crivo Editorial). Teve um conto publicado na revista Palavra Comum e poemas publicados nas revistas Acrobata e Mallarmargens. Desenvolve o projeto independente online Encontros de escrita autoral, iniciado em 2021.
Imagem: Claude Monet – Meules (1890) (Detail)